Diego Armando Maradona, gigante do futebol, completa 50 anos hoje
Quanto o conheci, eu tinha oito anos e estava na terceira série. Convidado pelo diretor de minha escola primária, surpreendeu-nos a todos com uma visita.
Transcorria o ano de 1979. Ele ainda não havia disputado o Mundial Juvenil do Japão, no qual se consagrou pela primeira vez. Tinha cara de adolescente e cabelo bem curto, digno de um recruta no serviço militar.
Tirei uma foto ao seu lado, dei-lhe um beijo e, de presente, um desenho no qual eu havia tentado retratar seu primeiro gol oficial com a seleção profissional, diante da Escócia, em Hampden Park.
Maradona comemora vitória sobre a Bélgica em 1986
Chorei quando ele foi expulso contra o Brasil na Copa da Espanha, em 1982, seu primeiro fracasso. Chorei com seu gol contra os ingleses e com a Copa extraordinária que disputou no México, em 1986, sua chegada ao Olimpo futebolístico.
Festejei sua vendeta diante dos italianos na Copa de 1990. Xinguei com ele quando o hino argentino foi apupado antes da final contra a Alemanha.
Em 1993, fiz com ele minha primeira entrevista, no longo voo para a Austrália que marcava sua volta à seleção para disputar, na repescagem, uma vaga na Copa-1994.
Minhas pernas tremiam. Foi muito difícil quebrar o feitiço, humanizá-lo. Custava-me presumir que ele não era Deus. Nem mesmo em campo, com seu desempenho cada vez pior. Suas contradições começaram a me incomodar, assim como sua necessidade de opinar sobre tudo e todos, recaindo inevitavelmente na agressão. Sentia tristeza ao vê-lo mal, desalinhado, doente.
30.jun.1994/AP
Enfermeira acompanha Maradona para exame antidoping
Na França, em 1998, trabalhamos para um canal de TV,em que comentamos juntos a partida entre Argentina e Holanda. Também estivemos juntos na decisão da Libertadores entre Palmeiras e Boca Juniors, em 2000, quando fui testemunha privilegiada de um belo abraço entre ele e Roberto Rivellino.
Suas internações me aproximaram daquilo que ele tem de virtuoso, algo que até mesmo seus maiores detratores reconhecem.
Depois da dor, o alívio. Tomei parte na "Noche del Diez", o programa de 2005 que celebrava sua milagrosa recuperação após flertar com a morte. As palavras dele já não me interessavam tanto. Meu interesse era sua saúde.
Alegrei-me quando chegou à seleção argentina em 2008. Mas o rendimento da equipe me incomodava. A entrevista coletiva pornográfica em Montevidéu me irritou. Depois da esperança inicial, não consegui acreditar que ele tivesse armado um esquema tão ruim para o jogo contra a Alemanha.
Surpreende-me uma vez mais vê-lo inteiro e firme. Sua presença no velório do ex-presidente Néstor Kirchner, abraçando a presidente Cristina, me emocionou. Hoje ele faz 50 anos. Aos 40, retorno àquela foto de 1979. Tão presente em toda a minha vida, nunca, mas nunca mesmo, deixarei de amar Diego Armando Maradona.
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